Diário de um Pica

Meu lugar secreto onde escrevo e me atrevo,descrevo sentidos,grito em palavras soltando emoçoes

Nome:
Localização: Massama, Sintra, Portugal

Eu sou o escrever que pulsa no meu sangue,sou um corpo de ausencias fugindo com as suas palavras tentando alcançar os sonhos que nunca vivi.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Quarenta minutos

Era estranhamente reconfortante sentir o comboio colocar-se em andamento, era uma sensação de mobilidade que me agradava enquanto o sol se esforçava por espreitar entre as nuvens.
Ia fazer uma “corrida” de 40 minutos até ao meu desejado e tão merecido café.
As pessoas entravam no material ansiosas de descanso depois de uma noite de folia e exageros, um grupo de “adolescentes” entre os 12 e 40 anos praguejavam na minha direcção, numa tentativa de adivinhar o meu nome, nunca acertando. “Que burros”; pensei eu, “até trago o nome escrito ao peito”, ironizando comigo mesmo.
Mais um pouco e chego à Damaia, sítio “chique”, com as suas majestosas moradias e os seus jardins de perder de vista, como se fosse um casamento entre a Quinta da Marinha e Vilamoura. Abri a porta e deparei-me com um indivíduo que me mirava, completamente hipnotizado, os olhos raiados de sangue e um sorriso irremediavelmente idiota. Acendeu um “cigarrito” e soprou alguma fumaça enquanto puxava conversa:
–“Tá-se bem ó pica?”, falando lentamente.
-Tudo na maior, respondi eu de forma autoritária.
-Queres uma passa?
-Não amigo, comi doze passas antes da meia-noite, por agora chega. O seu vocabulário era riquíssimo, talvez só superado por um papagaio amestrado e com gripe das aves, pensei eu.
Fez-se um silêncio perturbador, tentou colocar os seus neurónios a funcionar,
-“Iá, tá-se bem”, conheces o Geigei?, perguntou apontando para o seu “lulu”. O animal tinha os maxilares cerrados e os olhos apertados. Confesso que senti o coração a bater mais depressa, afinal o “lulu” era um Pit Bull e não parecia nada simpático.
Fechei a porta com alívio e segui viagem, nesse momento um pensamento macabro atravessou-me o pensamento, imaginava o Gegei a brincar com o dono, roendo-lhe as pernas até ao osso.
Tinha as emoções divididas entre o cómico e o decadente, ainda assim tive pena do cão, não pode escolher o dono.
Mais adiante, o meu imaginário é interrompido, desta vez por uma velhinha de cabelo grisalho:
-Posso lhe dizer um segredo?
-Claro, respondi eu com alguma relutância.
-A única solução é mandar os Americanos clonarem o Salazar, disse franzindo a testa.
Foi demais, não aguentei e soltei uma gargalhada estridente, desejando um bom ano à sábia velhinha e seguindo o meu caminho.
Depois de vencidos alguns obstáculos, com algumas gargalhadas à mistura eis que chego a Sintra, a minha terra prometida o meu oásis, finalmente estava em porto seguro, pensei “vou beber o meu café”, mais uma frustração, “porra, hoje é Domingo, está tudo fechado…”

Até à próxima amigos.

10 Comments:

Blogger virilão said...

Salazar, amigo?
e ainda te riste?
vou colocar-te um "2" na minha caderneta...a ver se isto não se repete!
Salazar?.........

Não habia nexexidade

16 janeiro, 2006 22:15  
Blogger Dani said...

Esqueceste que o teu nome tem 8 letras, e isso é muita letra para juntar! :)

17 janeiro, 2006 16:28  
Anonymous Anónimo said...

o texto está engraçado e bem escrito,ironia qb,miséria qb,situação do país qb...tá giro!(acho que a alusão a salazar está fora do contexto,salazar era,foi execrável,não trouxe nada de bom a Portugal,pelo contrário)...abraço e continua...

20 janeiro, 2006 09:57  
Anonymous Anónimo said...

foi o que a velhota disse,o que é que eu eu hei-de fazer amigos

Auto censurar-me?

20 janeiro, 2006 11:19  
Anonymous Anónimo said...

Ò pessoal, eu já não me lembro desse tempo (do Salazar). Mas que faz falta uma limpeza do lixo, não há duvidas. Portanto, nos tempos que correm um Salazar contratado por algumas épocas, seria óptimo para a sociedade, não? (não sei, digo eu!)

21 janeiro, 2006 01:00  
Anonymous Anónimo said...

E em relação ao café que ficou por beber... isso já é normal nesta nossa 'vida de snopy'.
O que te aconteceu com o café em Sintra, aconteceu comigo com os couratos em V. F. Xira ainda no tempo das ute's - (Nunca me vou esquecer). Temos que nos mentalizar que nesta vida, não podemos fazer planos a longo ou médio prazo. Só mesmo na própria altura... e mesmo assim...

21 janeiro, 2006 01:13  
Anonymous Anónimo said...

Eu cá acho que tives-te um encontro imediato de 3ºgrau. Salvador amigo, a velhota era um ET, sem duvida. Juve Leo desde 1976!

21 janeiro, 2006 14:07  
Anonymous Anónimo said...

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01 março, 2007 09:25  
Anonymous Anónimo said...

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04 março, 2007 12:17  
Anonymous Anónimo said...

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24 abril, 2007 10:46  

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